sábado, 28 de junho de 2014

Contagem de Cartas no Blackjack - Modo Hi-Lo



Esse método de contagem de carta no Blackjack é o mais simples e ainda é eficaz!

Domine este método e só depois avance para técnicas mais complexas de contagem de cartas pois o método Hi-Lo é o método base para todos os outros.

A técnica de contagem de cartas de blackjack Hi-Lo divide um baralho de cartas em três categorias e adiciona um número a cada carta numa categoria. Leia abaixo:


Cartas 2 a 6 = +1

Cartas 7 a 9 = 0

Cartas 10 a A = -1


Para usar este método, tem de olhar para as cartas a serem dadas no jogo de blackjack. Tem de ser extremamente rápido e adicionar o valor de cada carta que for colocada na mesa de blackjack. Se o valor total das cartas a meio do jogo for um número positivo, significa que existem ainda muitas cartas elevadas no baralho. Isto significa que tem melhores chances de ganhar que o dealer.

Se o valor das cartas na mesa for um número baixo ou negativo, então o dealer é o que tem melhores chances. Agora, baseando-se nestas predições pode melhor decidir quando aceitar mais cartas e quando fazer stand.




Morte Estranha

Em 1883, Henry Ziegland rompeu o relacionamento com sua namorada, que, com a angústia do término, cometeu suicídio. Enfurecido, o irmão da garota caçou Ziegland e atirou contra ele. Acreditando que havia matado o ex-namorado de sua irmã, o jovem tirou sua própria vida. No entanto, Ziegland estava vivo.

A bala passou de raspão por sua cabeça e atingiu uma árvore próxima. Anos mais tarde, Ziegland resolveu derrubar a árvore, que ainda estava com a bala endereçada a ele alojada em sua casca. No entanto, como ela era muito grande, o rapaz resolveu que seria melhor explodi-la com dinamite. A forte explosão foi o bastante para lançar a bala com força na cabeça de Ziegland, que morreu instantaneamente.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Retratos Genéticos de Ulric Collete

Ulric Collete é um fotográfo considerado autodidata que estudou arte e design na cidade de Quebec.
Apesar de ter alguns trabalhos exclusivos, um deles chamou e ainda chama atenção  de várias pessoas.

 O nome  do trabalho é "Retratos Genéticos". Uma série de fotografias que mostra a semelhança entre pessoas da mesma família em uma única foto. Ulric mescla os rostos de duas pessoas formando uma só, e o resultado é impressionante, confira algumas imagens:

Irmãos: Eric, 39 & Dany, 31 anos


Alex e Sandrine, 20 anos


Filha/Pai:  Ismaelle, 10 e Ulric, 32


Filho / Pai: Nathan, de 7 anos e Ulric, 29


Irmãos: Christopher, 30 e Ulric, 29 


Irmã/Irmão: Karine, Dany & 29 anos, 25 anos 



Pai / Filho: Laval, 56 & Vincent, 29 anos


Mãe / Filha: Julie, de 61 anos e Amélie, 33 anos

No site do fotografo tem mais imagens dessa mesma série além de outros trabalhos do artista.


Fonte:  Ulric Collete


Curiosidades - Significados de Palavras e Frases

De onde vem a frase “um é pouco, dois é bom, três de demais”? 


De acordo com o escritor Deonísio da Silva, em“De Onde Vêm as Palavras”, esta frase foi popularizada no século XX, em uma canção do compositor brasileiro Heckel Tavares (1896-1969). “Os versos dizem ‘numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais’ ”, explica o escritor. Embora a expressão seja relativamente recente, Deonísio afirma que seu sentido já aparecia na Bíblia. Segundo o Velho Testamento, três pessoas formavam um grupo grande demais para discutir assuntos íntimos.


O que significa "chorar as pitangas"? 


O nome pitanga vem de pyrang, que, em tupi, significa vermelho. Portanto, a expressão se refere a alguém que chorou muito, até o olho ficar vermelho.


De onde vem a palavra brincar? 



Essa palavra tem origem latina. Vem de vinculum que quer dizer laço, algema, e é derivada do verbo vincire, que significa prender, seduzir, encantar. Vinculum virou brinco e originou o verbo brincar, sinônimo de divertir-se.


Por que "cuspido e escarrado" significa que uma pessoa é muito parecida com outra? 


(Trabalho do fotografo Ulric Collette)


O correto é "esculpido em carrara". A frase é uma alusão à perfeição das esculturas de Michelangelo, pois carrara é um mármore da Itália e foi bastante usado por ele.



O que significa o ditado “o que é do homem o bicho não come? 


A frase quer dizer que as características intrínsecas às pessoas não podem ser modificadas por fatores externos. O “bicho” representa a sociedade, as leis, regras ou até outras pessoas. Segundo o dito popular, não adianta nenhum destes “bichos” lutarem contra os sentimentos e características arraigados em alguém.


O que quer dizer "mayday"? 



Foi a americanização da expressão m’aider in venez m’aider – em francês, “venha me ajudar” – que deu origem à palavra mayday. Hoje, o termo é empregado em todo o mundo, principalmente por aeronaves e navios, para indicar que se está correndo perigo.


De onde vem a palavra almanaque? 



A palavra vem do árabe al-manakh, que era o lugar onde os nômades se reuniam para rezar e contar as experiências de viagens ou notícias de terras distantes. Em português, almanaque refere-se a uma publicação que traz calendário, reportagens de conteúdo variado, como recreação, humor, ciência e literatura.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal - Imagens




Vamos comemorar o Natal, festa que acontece amanhã, dia 25.

 Dia marcado principalmente pelo São Nicolau, o famoso "Papai Noel".

 Mas, vamos ser diferentes? Confira agora algumas imagens "diferentes" do nosso Papai Noel, e ainda, do Krampus, o ajudante dele que pune as criancinhas más.
















sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Enterramento Prematuro - Edgar Allan Poe

Para terminar com essa Sexta-feira 13, vamos com mais um conto do Edgar Allan Poe!!!

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O ENTERRAMENTO PREMATURO 



Há certos temas de interesse totalmente absorventes mas por demais horríveis para os 
fins da legítima ficção. O simples romancista deve evitá-los se não deseja ofender ou 
desgostar. Só devem ser convenientemente utilizados quando a severidade e a imponência 
da verdade os santificam e sustentam. Estremecemos, por exemplo, com o mais intenso 
"pesar agradável", diante das narrativas da Passagem do Beresina, do Terremoto de 
Lisboa, da peste de Londres, do Massacre de São Bartolomeu, ou do asfixiamento de 
cento e vinte três prisioneiros da Caverna Negra em Calcutá. Mas, nessas narrativas é o 
fato, é a realidade, é a história o que excita. Como invenções, olhá-las-íamos com simples 
aversão. 

Mencionei algumas, apenas, das mais proeminentes e augustas calamidades que a 
história registra. Mas nelas existe a extensão, bem como o caráter, de calamidade, que tão 
vivamente impressiona a fantasia. 

Não é necessário lembrar ao leitor que, do longo e pavoroso catálogo das misérias 
humanas, poderia eu ter selecionado numerosos exemplos individuais mais repletos de 
sofrimento essencial que qualquer daqueles vastos desastres generalizados. A verdadeira 
desgraça, na verdade, o derradeiro infortúnio, é particular e não difuso. Demos graças a 
um Deus misericordioso pelo fato de serem os espantosos extremos da agonia suportados 
pelo homem-unidade e não pelo homem-massa! 

Ser enterrado vivo é, fora de qualquer dúvida, o mais terrífico daqueles extremos que já 
couberam por sorte aos simples mortais. Que isso haja acontecido freqüentemente, e bem 
freqüentemente, mal pode ser negado por aqueles que pensam. Os limites que separam a 
vida da morte são, quando muito, sombrios e vagos. Quem poderá dizer onde uma acaba 
eaoutra começa? Sabemos que há doença em que ocorre total cessação de todas as 
aparentes funções de vitalidade, mas, de fato, essas cessações são meras suspensões, 
propriamente ditas. Não passam de pausas temporárias no incompreensível mecanismo. 
Certo período decorre e alguns princípios misteriosos e invisíveis põem de novo em 
movimento os mágicos parafusos e as encantadas rodas. A corda de prata não estava 
solta para sempre, nem o globo de ouro irreparavelmente quebrado. Mas, entrementes, 
onde se achava a alma? 

De parte, porém, a inevitável conclusão, a priori, de que causas tais devem produzir tais 
efeitos, de que a bem conhecida ocorrência de tais casos de interrompida animação deve, 
naturalmente, dar azo, em vez em quando, a enterros prematuros, de parte esta 
consideração temos o testemunho direto da experiência médica e da experiência comum a provar que grande número de semelhantes enterros se tem realmente realizado. Se fosse 
necessário, poderia referir-me imediatamente a uma centena de casos bem autenticados. 
Um dos mais famosos, e cujas circunstâncias podem estar ainda frescas na memória de 
alguns de meus leitores, ocorreu, não faz muito, na vizinha cidade de Baltimore, onde 
causou uma excitação penosa, intensa e de vasto alcance. A esposa de um dos mais 
respeitáveis cidadãos, advogado eminente e membro do Congresso, foi atacada de súbita e 
estranha moléstia que zombou completamente do saber de seus médicos. Depois de 
muitos sofrimentos veio a falecer, ou supôs-se que houvesse falecido. Ninguém 
suspeitava, na verdade, nem tinha razão de suspeitar, que ela não estivesse realmente 
morta. Apresentava todos os sinais habituais de morte. O rosto tomara o usual contorno 
cadavérico. Os lábios tinham a habitual palidez marmórea. Os olhos estavam sem brilho. 
Não havia calor. A pulsação cessara. Durante três dias o corpo foi conservado insepulto, 
adquirindo então uma rigidez de pedra. Afinal, o enterro foi apressado, por causa do 
rápido avanço do que se supunha ser a decomposição. 

A mulher fora depositada no jazigo da família, que não fora aberto nos três anos 
subseqüentes. Ao expirar esse prazo, abriram-no para receber um ataúde; mas, ai!, que 
pavoroso choque esperava o marido que abrira - em pessoa a porta. Ao se escancararem 
os portais, certo objeto branco caiu-lhe ruidosamente nos braços. Era o esqueleto de sua 
mulher, ainda com a mortalha intacta. 

Cuidadosa investigação tornou evidente que ela recuperara a vida dois dias depois de seu 
enterramento; que sua luta dentro do ataúde fizera-o cair de uma saliência ou prateleira, 
no chão, onde se quebrara, permitindo-lhe escapar. Uma lâmpada que fora, deixada cheia 
de óleo dentro do jazigo foi encontrada vazia; contudo, poderia ter sido esgotada pela 
evaporação. No alto dos degraus que levavam à câmara mortuária, havia um grande 
fragmento do caixão, com o qual, parecia, tinha ela tentado chamar a atenção batendo na 
porta de ferro. Enquanto assim fazia, provavelmente desfaleceu ou possivelmente morreu 
tomada de terror ao cair, sua mortalha ficou presa a algum pedaço de ferro no interior. E 
assim ela permaneceu e assim apodreceu, erecta. 

No ano de 1810, um caso de inumação viva aconteceu na França, cercado de 
circunstâncias que provam plenamente a afirmativa de que a verdade é, de fato, mais 
estranha do que a ficção . A heroína da estória era Mademoiselle Vitorina Lafourcade, 
moça de ilustre família, rica e de grande beleza pessoal. Entre seus numerosos 
pretendentes havia um tal Julien Bossuet, pobre literato ou jornalista de Paris. Seu 
talento e sua amabilidade tinham atraído a atenção da herdeira, por quem parecia ter 
sido verdadeiramente amado; mas o orgulho de seu nascimento decidiu-a, por repeli-lo e 
a casar-se com um certo Monsieur Renelle, banqueiro e diplomata de certa importância. 
Depois do casamento, porém esse cavalheiro a desprezou e, talvez mesmo mais 
positivamente, maltratou-a. Tendo passado a seu lado alguns anos infelizes, ela morreu; 
pelo menos, seu aspecto se assemelhava tão de perto a morte que enganava a qualquer 
que a visse. Foi enterrada, não no jazigo, mas num sepulcro comum, na vila onde 
nascera. Cheio de desespero e ainda inflamado pela lembrança de sua profunda afeição, o 
apaixonado viajou da capital para a longínqua província em que se achava a aldeia, no 
romântico propósito de desenterrar o cadáver e apossar-se de suas fartas madeixas. 
Chegou ao túmulo. À meia-noite desenterrou o caixão, abriu-o e, ao cortar-lhe o cabelo, 
foi detido pelos olhos abertos de sua amada. De fato, a mulher tinha sido enterrada viva. 
Avitalidade ainda não desaparecera de todo e ela foi despertada pelas carícias de seu 
amado do letargo que fora tomado como morte. 

Ele a levou, nervosamente, aos seus aposentos na aldeia. Empregou certos poderosos 
analépticos sugeridos por seus não pequenos conhecimentos médicos. Por fim, ela 
reviveu. Reconheceu seu salvador. Permaneceu com ele até que, gradativamente, 
recobrou por completo, a primitiva saúde. Seu coração de mulher não tinha a dureza dos recobrou por completo, a primitiva saúde. Seu coração de mulher não tinha a dureza dos 
diamantes e essa última lição de amor bastou para abrandá-lo. Concedeu-o a Bossuet. 
Não voltou à companhia do marido; mas, ocultando dele a sua ressurreição, fugiu com 
seu amante para a América. Vinte anos depois, ambos voltaram à França, persuadidos de 
que o tempo tinha alterado tão grandemente o aspecto da mulher que seus amigos seriam 
incapazes de reconhecê-la. Enganaram-se, porém, porque, ao primeiro encontro, 
Monsieur Renelle reconheceu logo e reclamou sua mulher. Ela se opôs a essa reclamação 
em tribunal de justiça apoiou-a, decidindo que as circunstâncias peculiares e o lapso de 
anos haviam extinguido, não só eqüitativa, mas legalmente, a autoridade do marido. 
O Jornal de Cirurgia de Lipsia, periódico de alta autoridade e mérito, que alguns livreiros 
americanos fariam bem em traduzir e republicar, relembra num dos últimos números um 
acontecimento bem penoso dessa mesma espécie. 

Um oficial de artilharia, homem de gigantesca estatura e vigorosa saúde, tendo sido 
atirado de um cavalo indomável, recebeu fortíssima contusão na cabeça que o tornou 
imediatamente insensível. O crânio ficou levemente fraturado, mas não se temia imediato 
perigo. A trepanação foi executada com pleno êxito. Sangraram-no e puseram-se em 
execução vários outros meios comuns de alívio. Gradualmente, porém, foi ele 
mergulhando, cada vez mais, num estado de desesperado torpor e, finalmente, pensou-se 
que havia morrido.O tempo era de calor, e enterraram-no, com pressa censurável, num 
dos cemitérios públicos. Seu enterro realizou-se na quinta feira. No domingo seguinte o 
cemitério, como de costume, encheu-se de visitantes e, ao meio-dia, produziu-se intensa 
excitação quando um camponês declarou que, tendo-se sentado sobre o túmulo do oficial, 
sentira distintamente um movimento da terra, como se ocasionado por alguém que 
lutasse ali embaixo. A princípio, pouca atenção foi dada à afirmativa do homem, mas seu 
evidente terror e a afirmativa obstinada com que persistia em sua estória produziram 
afinal, natural efeito sobre a multidão. Procuraram-se, às pressas pás, e o túmulo, que 
era vergonhosamente pouco profundo, foi em poucos minutos tão depressa escavado que 
a cabeça do seu ocupante apareceu; ele estava, então, aparentemente morto, mas 
sentara-se quase erecto dentro do caixão cuja tampa, na sua luta furiosa havia 
parcialmente soerguido. 

Foi imediatamente transportado ao mais próximo declarou-se que ele estava ainda vivo, 
embora em estado de asfixia. Depois de algumas horas, reviveu, reconheceu pessoas de 
sua amizade e, em frases entrecortadas, narrou as agonias que sofrera na sepultura. Pelo 
que ele relatou ficou patente que devera ter estado consciente de perder os sentidos. A 
sepultura fora descuidada e frouxamente cheia de uma terra excessivamente porosa, e 
assim, algum ar podia, necessariamente, penetrar. Ele ouviu o tropel de passos da 
multidão por cima de sua cabeça e procurou fazer-se ouvir por sua vez. Foi o barulho 
dentro do cemitério, disse ele, que pareceu despertá-lo de um profundo sono, mas logo 
que despertou sentiu-se cônscio do horror pavoroso de sua situação. 
Este paciente, conta-se, estava indo bem e parecia achar-se em franco caminho de 
completo restabelecimento, mas foi vítima do charlatanismo das experiências médicas. 
Aplicaram-lhe uma bateria elétrica, de repente, expirou num daqueles extáticos 
paroxismos que ela ocasionalmente provoca. 



Amenção da bateria elétrica, aliás, traz-me à memória um caso bem conhecido e 
extraordinário, em que sua ação provou-se eficaz em fazer voltar à vida um jovem 
procurador londrino que estivera enterrado durante oito dias. Isto ocorreu em 1831, e 
causou, em seu tempo, profundíssima sensação, em toda a parte em que se tornasse o 
assunto da conversa. 

O paciente, Sr. Eduardo Stapleton, tinha morrido, parece, de tifo, com seus sintomas 
anômalos que haviam excitado a curiosidade de seus médicos assistentes. A respeito 
dessa morte aparente, solicitou-se de seus amigos que permitissem um exame post 
mortem mas eles se negaram a consentir nisso. Como acontece muitas vezes quando se 
fazem tais recusas, os profissionais resolveram desenterrar o corpo e dissecá-lo, com 
vagar, por sua conta. 

Realizaram-se facilmente os preparativos, com os numerosos grupos de desenterradores 
de cadáveres, então muito encontradiços em Londres, e, na terceira noite depois do 
funeral, o suposto cadáver foi desenterrado de uma cova de dois metros e quarenta de 
profundidade e depositado na sala de operações de um dos hospitais particulares.Uma 
incisão de certo tamanho fora já feita no abdômen, quando a aparência fresca e 
incorrupta do paciente sugeriu que se fizesse aplicação duma bateria. As experiências se 
sucederam e sobrevieram costumeiros sinais, sem nada que, de algum modo, os 
caracterizasse exceto, numa ou duas ocasiões, certo grau um pouco incomum de 
vivacidade na ação convulsiva. 

Fazia- se tarde. O dia estava prestes a raiar e achou-se, afinal, que era conveniente 
proceder, sem demora, à dissecação. Um estudante, porém, estava especialmente 
desejoso de provar certa teoria sua e insistiu em que se aplicasse a bateria num dos 
músculos peitorais. Deu-se um grosseiro talho e aplicou-se apressadamente o fio; então o 
paciente. num movimento ligeiro, mas não convulsivo , ergueu-se da mesa, andou até o 
meio do soalho, olhou inquieto antes em redor de si e depois. . . falou. Não se podia 
entender o que dizia, mas as palavras eram ditas e as formação das distinta. Depois de 
falar, caiu pesadamente no soalho. Por alguns instantes todos ficaram paralisados de 
terror, mas a urgência do caso em breve os fez recuperar a presença de espírito. Via-se 
que o Sr. Stapleton estava vivo, embora desmaiado. Com aplicação de éter reviveu, e, sem 
demora, recuperou a saúde, voltou convívio de seus amigos, dos quais, porém, todo 
conhecimento de sua ressurreição fora oculto, até passar o perigo de uma recaída. Podem 
imaginar-se sua admiração e seu arrebatador espanto. 

Amais emocionante particularidade desse incidente, contudo, consiste no que o próprio 
Sr. Stapleton afirma. Declara ele que em nenhuma ocasião esteve totalmente insensível; 
que vaga e confusamente tinha consciência de tudo quanto lhe acontecia, desde o 
momento em que foi declarado morto pelos médicos, até aquele em que desmaiou no 
soalho do hospital. "Eu estou vivo" foram as palavras incompreendidas que, ao 
reconhecer que se achava na sala de dissecação, tinha tentado pronunciar, naquela hora 
extrema. 

Seria coisa fácil multiplicar estórias como esta, mas abstenho-me disso porque, na 
verdade, não temos necessidade de tal coisa para demonstrar que, efetivamente, ocorrem 
enterramento prematuros. Quando refletimos, dada a natureza do caso, quão raramente 
nos é possível descobri-los, devemos admitir que eles possam ocorrer freqüentemente sem 
que o saibamos. É raro, na verdade que um cemitério seja revolvido, alguma vez, com 
qualquer grande extensão, e não se encontrem esqueletos em posições que sugerem as 
mais terríveis suspeitas. 

Terrível, na verdade, a suspeita, porém mais terrível é tal destino! Podemos asseverar, 
sem hesitação, que nenhum acontecimento é tão horrivelmente capaz de inspirar o 
supremo desespero do corpo e do espírito como ser enterrado vivo. A insuportável 
opressão dos pulmões, os vapores sufocantes da terra úmida, o contato nos ornamentos 
fúnebres, o rígido aperto das tábuas do caixão, o negror da noite absoluta, o silêncio 
como um mar que nos afoga, a invisível, porém sensível, presença do Verme Conquistador, tudo isso com a idéia do ar e da relva lá em cima, a lembrança dos amigos que voariam a salvar-nos se informados de nosso destino e a consciência de que eles jamais poderão ser informados deste destino, e de que nossa desesperada sorte é a do realmente morto, essas considerações, digo, acarretam ao coração que ainda palpita um grau tal de horror espantoso e intolerável que a mais ousada imaginação recua diante 
dele. 

Nada conhecemos de mais agonizante sobre a terra. Não podemos imaginar nem a metade 
de coisa tão horrível nas regiões do mais profundo inferno. E, por isso, qualquer 
narrativa a respeito tem interesse profundo; interesse, porém, que através do sagrado 
terror do próprio assunto, bem própria e caracteristicamente depende de nossa convicção 
da verdade do caso narrado. O que tenho agora a contar é do meu real conhecimento, da 
minha própria, positiva e pessoal experiência. 

Durante vários anos estive sujeito a ataques da estranha moléstia que os médicos 
acordaram em chamar catalepsia, na falta de denominação mais definida. Embora tanto 
as causas imediatas e pré disponentes como o verdadeiro diagnóstico desta doença ainda 
sejam misteriosos, seu caráter claro e evidente já está bastante compreendido. Suas 
variações parecem ser, principalmente, de grau. As vezes, o paciente jaz, durante um dia 
só, ou mesmo durante um curto período, numa espécie de exagerada letargia. Perde a 
sensibilidade e os movimentos, mas a pulsação do coração é fracamente perceptível; 
alguns restos de calor permanecem; ligeiro colorido se mantém no centro da face; e, 
aplicando um espelho à boca, pode-se descobrir uma lenta, desigual e vacilante ação dos 
pulmões. Outras vezes a duração do transe é de semanas ou mesmo de meses, e a mais 
severa investigação, as mais rigorosas experiências médicas não conseguem estabelecer 
qualquer distinção material entre o estado do paciente e o que concebemos como morte 
absoluta. 



Freqüentes vezes é ele salvo do enterramento prematuro apenas por saberem seus 
amigos que fora anteriormente sujeito a ataques catalépticos, pela conseqüente suspeita 
suscitada e, acima de tudo, pela aparência de incorrupção. 
Os progressos da doença são, felizmente gradativos. As primeiras manifestações, além de 
típicas, são inequívocas. Os acessos se tornam, sucessivamente, cada vez mais distintos, 
prolongando-se cada um mais do que o anterior. Nisto faz a principal garantia contra a 
inumação. 

O infeliz cujo primeiro ataque for de caráter extremo, como ocasionalmente se vê, estará 
quase sem remédio condenado a ser enterrado vivo.Meu próprio caso não diferia, em 
pormenores importantes, dos mencionados nos livros médicos. Às vezes, sem nenhuma 
causa aparente, eu mergulhava, pouco a pouco, num estado de semi-síncope, ou semi
desmaio; e neste estado, sem dor, sem possibilidade de mover-me ou, estritamente 
falando, de pensar, mas com uma nevoenta e letárgica consciência da vida e da presença 
dos que cercavam minha cama, eu permanecia até que a crise da doença me fizesse 
recuperar, de súbito, a completa sensação. Outras vezes, era rápida e impetuosamente 
surpreendido pelo ataque. Sentia-me doente, entorpecido, frio, aturdido e caía logo 
prostrado. Depois durante semanas, tudo era vácuo, negror, silêncio, e num nada se 
transformava o universo. Não poderia haver mais total aniquilação. Destes últimos 
ataques eu despertava, porém, com lentidão gradativa na proporção da subitaneidade do 
acesso. Da mesma forma por que o dia alvorece para o mendigo, sem lar e sem amigos, 
que vaga pelas ruas, através da longa e desolada noite de inverno, assim também tardia, 
assim também cansada, assim também alegre, voltava a luz à minha alma. 

Exceto aquela predisposição para o ataque, meu estado geral de saúde apresentava-se 
bom; nem mesmo eu podia perceber que todo ele se achava afetado por uma doença 
predominante, a menos que, realmente, certa reação em meu sono comum pudesse ser 
olhada como um sintoma. Logo ao despertar, nunca podia de imediato assenhorear-me de 
meus sentidos e sempre permanecia, durante muitos minutos, em grande confusão e 
perplexidade, com as faculdades mentais em geral, e especialmente a memória. num 
estado de absoluta vaguidão. 

Em tudo isso que eu experimentava não havia sofrimento físico, mas infinita a angústia 
moral. Minha imaginação se tornava macabra. Falava de "vermes, de covas e epitáfios". 
Perdia-me em devaneios de morte e a idéia do enterramento prematuro se apossava de 
contínuo de meu cérebro. O horrendo perigo a que estava sujeito, assombrava-me dia e 
noite. De dia, a tortura da meditação era excessiva; de noite, suprema. Quando a 
disforme escuridão inundava a terra, com todo o horror do pensamento eu tremia, tremia 
como as plumas palpitantes que adornam os carros fúnebres. Quando a natureza não 
podia mais suportar a insônia, era com relutância que eu consentia em dormir, pois me 
abalava o pensar que ao despertar, poderia achar-me como habitante de um túmulo. E 
quando, finalmente, mergulhava no sono, era apenas para precipitar-me imediatamente 
num mundo de fantasmas acima do qual com asas enormes, lúridas, tenebrosas, pairava, 
dominadora, idéia sepulcral. 

Das inúmeras imagens de tristeza que assim me oprimiam em sonhos escolho, para 
ilustrar, apenas uma visão solitária. Creio que estava imerso num transe cataléptico de 
duração e intensidade maiores que as habituais. De repente, senti uma mão gelada 
pousar-se na minha fronte e uma voz, impaciente e inarticulada, sussurrou-me ao ouvido 
apalavra: "Levanta-te!" Sentei-me. A escuridão era total. Não podia distinguir o vulto de 
quem me havia despertado. Não podia recordar-me do momento em que caíra em transe, 
nem do lugar em que então jazia, enquanto permanecia parado, ocupado em procurar 
coordenar o pensamento, a fria mão agarrou-me, feroz, pelo punho, sacudindo-o com 
aspereza, ao mesmo tempo em que a voz inarticulada dizia normalmente:
Levanta-te! Não te ordenei que te levantasses?

 Quem és tu? - perguntei. 

- Não tenho nome nas regiões onde habito - respondeu a voz, funebremente. - Eu era 
mortal, mas sou agora demônio. Eu era implacável, mas agora sou compassivo. Meus 
dentes matraqueiam enquanto falo, embora não seja por causa da frialdade da noite, da 
noite sem fim. Essa hediondez, porém, é insuportável. Como podes tu dormir tranqüilo? 
Não posso repousar por causa do clamor dessas grandes agonias. Esse espetáculo é 
superior às minhas forças. Põe-te de pé! Sai comigo para a noite e deixa que eu te 
escancare os túmulos. Não é esta uma visão de horror? Contempla!Olhei, e o vulto 
invisível que ainda me agarrava pelo punho, fez com que se abrissem todos os túmulos da 
humanidade, e de cada um saiu o fraco palor fosfórico da podridão; e então eu pude ver, 
dentro dos mais absconsos recessos, pude ver os corpos amortalhados nos seus tristes e 
solenes sonos com o verme. 

Mas, ai! Os que dormiam verdadeiramente eram muitos milhões menos do que aqueles 
que não dormiam absolutamente; e debatiam-se, sem força; havia uma agitação geral e 
confrangedora; e das profundezas das covas incontáveis se elevava o ruído roçagante e 
melancólico das mortalhas dos sepultos. E entre aqueles que pareciam tranqüilamente 
repousar vi que grande número havia mudado, em maior ou menor proporção, a rígida e 
incômoda posição em que haviam sido primitivamente enterrados. E a voz de novo me 
disse, enquanto eu contemplava:Não é isto, oh!, não é isto uma visão lastimável? 
Mas antes que eu pudesse encontrar palavras para replicar, o vulto largou-me o punho, 
as luzes fosfóricas se extinguiram e as tumbas se fecharam com súbita violência, 
enquanto delas se erguia um tumulto de clamores desesperados: e ele disse de novo: " 
Não é isso, meu Deus!, não é isto uma visão lastimável?" 

Fantasias como estas que se apresentavam à noite estendiam sua terrífica influência 
muito além de minhas horas de vigília. Meus nervos se relaxaram inteiramente e me tornei presa de perpétuo horror. Hesitava em cavalgar, em passear ou em praticar 
exercício que me afastasse de casa. Na realidade, não ousava afastar-me da imediata 
presença daqueles que sabiam de minha propensão à catalepsia, temendo que, ao cair 
num de meus costumeiros ataques, viesse a ser enterrado antes de que minha 
verdadeira condição fosse certificada. 

Duvidava do cuidado, da fidelidade de meus mais queridos amigos. Receava que, em 
algum transe de maior duração que a habitual, fossem eles induzidos a considerá-lo como 
definitivo. Eu mesmo cheguei a ponto de temer por causar muito incômodo, ficassem eles 
satisfeitos em considerar qualquer ataque muito demorado como suficiente excusa para 
se verem livres de mim de uma vez por todas. Era em vão que eles procuravam 
tranqüilizar-me com as mais solenes promessas, mais sagrados juramentos de que em 
nenhuma circunstância eles me enterrariam sem que a decomposição estivesse 
materialmente adiantada, que se tornasse impossível qualquer ulterior preservação. E 
mesmo assim meus terrores mortais não queriam dar ouvidos à razão, não queriam 
aceitar consolo. 

Iniciei uma série de cuidadosas precauções. Entre outras coisas, mandei remodelar o 
jazigo da família, de modo a facilitar o ser prontamente aberto de dentro. A mais leve 
pressão sobre uma comprida manivela que avançava bem dentro do túmulo, causaria a 
abertura dos portais de ferro. Havia também dispositivos para a livre admissão de ar e da 
luz e adequados recipientes para comida e água, dentro do imediato alcance do caixão 
preparado para receber-me. 

O caixão estava quente e maciamente acolchoado e provido de tampa construída de 
acordo com o sistema da porta do jazigo, com o acréscimo de molas tão engenhosas que o 
mais fraco movimento do corpo seria suficiente para abri-lo . 

Além de tudo isto, havia suspenso do teto do túmulo, um grande sino, cuja corda, como 
determinei, deveria ser enfiada por um buraco do caixão e amarrada a uma das mãos do 
cadáver. Mas, ah!, de que vale a vigilância contra o Destino do homem? Nem mesmo 
aquelas tão engenhosas seguranças bastaram para salvar das extremas agonias de ser 
enterrado vivo um desgraçado condenado de antemão a essas mesmas agonias! 
Chegou uma época - como muitas vezes havia chegado antes - em que me achei 
emergindo de total inconsciência para o início de um fraco e indefinido senso da 
existência. Vagarosamente. Numa gradação tardia, aproximou-se a nevoenta madrugada 
do dia psicológico. Um torpor incômodo. Um sofrimento apático de obscura dor. Nenhuma 
atenção, nenhuma esperança, nenhum esforço. Em seguida, após longo intervalo, um 
zumbido nos ouvidos; depois disso, após um lapso de tempo ainda mais longo, uma 
comichão ou sensação de formigueiro nas extremidades; depois, um período 
aparentemente eterno de aprazível quietude, durante o qual sentimentos despertos lutam 
dentro do pensamento; depois, um breve e novo mergulho no nada; depois, uma súbita 
revivescência. Afinal o rápido tremer de uma pálpebra, e, imediatamente após, um choque 
elétrico do terror, mortal e indefinido, que arroja o sangue em torrentes das têmporas 
para o coração. E agora, o primeiro positivo esforço para pensar. E agora, a primeira 
tentativa de recordar. E agora, um êxito parcial e evanescente. E agora, a memória já 
recuperou de tal modo seu domínio que, até certa medida consciente de meu estado. 
Sinto que não estou despertando de um sono comum. Lembro-me de que estive sujeito à 
catalepsia. E agora afinal, como que inundado por um oceano, meu espírito trêmulo é 
dominado pelo perigo horrendo, por aquela espectral e tirânica idéia fixa. 

Permaneci imóvel alguns minutos, depois que essa imagem se apoderou de mim. E por 
quê? Eu não podia armar-me de coragem para mover-me. Não ousava fazer o esforço necessário para certificar-me de minha sorte, e, contudo, havia algo no meu coração que 
me sussurrava que ela era fatal. O desespero - como de nenhuma outra desgraça que 
jamais salteou o ser humano - só o desespero me impeliu, após longa irresolução, a 
erguer das pálpebras de meus olhos. Ergui-as.

Estava escuro, totalmente escuro. Senti que o ataque tinha passado. Senti que a minha 
doença há muito desaparecera. Senti que me achava agora completamente, em pleno uso 
de minhas faculdades visuais. E contudo, estava escuro, totalmente escuro, daquela 
escuridão intensa e extrema da noite que dura para sempre. 

Tentei gritar, e meus lábios e minha língua seca moveram-se convulsivamente, em 
comum tentativa, mas nenhuma voz saiu dos cavernosos pulmões, que, como oprimidos 
sob o peso de esmagadora montanha, arfavam e palpitavam com o coração a cada 
trabalhosa e penosa respiração. O movimento das mandíbulas, no esforço de gritar bem 
mostrava-me que elas estavam amarradas, como se faz usualmente com os mortos. Senti 
também que jazia sobre alguma coisa sólida e que a mesma coisa também me comprimia 
estreitamente em ambos os lados. Até então eu não me atrevera a mover qualquer dos 
membros; mas agora, violentamente, levantei os braços que tinham estado até então 
sobre o peito, com as mãos cruzadas. Eles bateram de encontro a uma madeira sólida, 
que se estendia sobre uma altura de não mais do que seis polegadas de meu rosto. Não 
podia mais duvidar de que repousava dentro de um caixão. 

E então, entre todas as minhas infinitas aflições, senti aproximar-se suavemente o anjo 
da Esperança, pois pensei nas precauções que havia tomado. Retorci-me e fiz esforços 
espasmódicos para abrir a tampa: não se movia. Tateei os punhos à procura da corda do 
sino: não foi encontrada. E então o anjo confortador voou para sempre e um desespero 
ainda mais agudo reinou triunfante, porque clara se tornava a ausência das almofadas 
que eu tinha tão cuidadosamente preparado, e depois, também, chegou-me subitamente 
às narinas o forte e característico odor da terra úmida. A conclusão era irresistível. Eu 
não estava dentro do jazigo. Fora vítima de um de meus ataques enquanto me achava 
fora de casa e então alguns estranhos, quando ou como não me podia recordar, me 
enterraram como a um cachorro, trancado dentro dum caixão e lançado no fundo, bem 
no fundo e para sempre, de alguma cova ordinária e sem nome. 

Quando essa terrível convicção se fixou à força nos recessos mais íntimos de minha alma, 
esforcei-me mais uma vez por gritar bem alto. E essa segunda tentativa deu resultado. 
Um longo, selvagem e contínuo grito, ou bramido de agonia, ressoou através dos domínios 
da noite subterrânea. 

-Ei! Ei! Olha aqui! - respondeu uma voz grosseira. 

-Que diabo é isso agora? - disse um segundo. 

-Acabe com isso! - gritou um terceiro. 

-Que pretende você berrando desse jeito, como um danado? - disse um quarto.E nisso fui 
agarrado e sacudido sem cerimônia durante muitos minutos por uma turma de sujeitos 
mal-encarados. Não me despertaram do meu sono, porque eu estava bem desperto 
quando gritei mas me fizeram recobrar a plena posse de minha memória. 

Essa aventura ocorreu perto de Richmond, na Virgínia. Acompanhado por um amigo que 
eu tinha avançado, seguindo uma expedição de caça, algumas milhas ao longo das 
margens do rio Jaime. A noite se aproximou e fomos surpreendidos por uma 
tempestade. O camarote duma pequena chalupa, ancorada no rio e carregada de terra 
pastosa para jardim, oferecia-se como o único abrigo disponível. Arranjamo-nos o melhor que pudemos para passar a noite a bordo. Adormeci em um dos dois únicos beliches da 
embarcação. Os beliches duma chalupa de sessenta ou setenta toneladas quase não 
precisam ser descritos. Aquele que eu ocupava não tinha colchão de espécie alguma. Sua 
largura extrema era de dezoito polegadas. A distância até o tombadilho, por cima da 
cabeça, era precisamente a mesma. Fora com excessiva dificuldade que me apertara 
dentro dele. Apesar de tudo, adormeci profundamente, e toda aquela minha visão, porque 
não era sonho, nem pesadelo. surgiu naturalmente das circunstâncias de minha posição, 
do meu habitual pensamento impressionado e da dificuldade, a que já aludi, de recuperar 
os sentidos e especialmente a memória durante muito tempo depois de despertar de um 
sono. Os homens que me sacudiram eram da tripulação da chalupa e alguns 
trabalhadores contratados para descarregá-la. Da própria carga é que provinha aquele 
cheiro de terra. A ligadura em torno de meus queixos era um lenço de seda em que havia 
enrolado minha cabeça, na falta de meu costumeiro barrete de dormir. 

As torturas experimentadas, porém, eram, sem dúvida, completamente idênticas, no 
momento, às duma verdadeira sepultura, eram pavorosas, eram inconcebivelmente 
hediondas. Mas do Mal se origina o Bem, porque aqueles paroxismos operaram 
inevitavelmente revulsão no meu espírito. Minha alma adquiriu tonalidade, têmpera. 
Viajei para o estrangeiro. Fiz vigorosos exercícios. Aspirei o ar livre do Céu. Pensei em 
outras coisas que não na morte. Descartei-me de meus livros de medicina. Queimei 
Buchan, não li mais os Pensamentos Noturnos, nem aranzéis a respeito de cemitérios, 
nem estórias de fantasmas como esta. Em resumo, tornei-me um novo homem e vivi vida 
de homem. Desde aquela memorável noite afugentei para sempre minhas apreensões 
sepulcrais e com elas esvaneceu-se a doença cataléptica, da qual, talvez, tivessem sido 
menos a conseqüência que a causa. 

Há momentos em que, mesmo aos olhos serenos da razão, o mundo de nossa triste 
Humanidade pode assumir o aspecto de um inferno, mas a imaginação do homem não é 
Carathis para explorar impunemente todas as suas cavernas. Ah! A horrenda região dos 
terrores sepulcrais não pode ser olhada de modo tão completamente fantástico, mas, 
como os Demônios em cuja companhia Afrasiab fez sua viagem até o Oxus, eles devem 
dormir ou nos devorarão, devem ser mergulhados no sono ou nós pereceremos. 





Bons Pesadelos!!!






Síndrome do Boneco Feliz




"Era pra ser simples, nós achávamos. Pegue um pouco de cromossomos, os corte, os coloque lá, e uau, o ser humano perfeito. Eu ainda não tenho certeza do que deu errado. Talvez um erro de cálculo? Ou talvez algo além do nosso controle. Quem vai saber?

Nós (alguns colegas meus que são psicólogos e eu) estávamos intrigados com as emoções humanas. Raiva, desespero, euforia. Seria possível bloquear a mente em apenas uma emoção? Bloquear a mente em um estado de completa euforia, de modo que nenhuma tristeza ou raiva ofusquem seu pensamento? Teoricamente, sim.

Não vou descrever os procedimentos de nossas experiências com você. Tanto porque não quero que você os repita e também tenho medo que você enlouqueça se eu as contar. As coisas terríveis que fizemos. Nós eramos ambiciosos, jovens, nada poderia nos deter, e ninguém poderia nos dizer que estávamos errados. Tudo que vou dizer é que nós pegamos algumas células-tronco e alimentamos elas em fetos. O experimento foi chamado de "The Angel Man Project" e o objetivo era criar um ser que sentia apenas felicidade. Mas algo deu errado. Terrivelmente errado.

Metade das cobaias morreram inesperadamente, sem aviso prévio ou sem uma causa justa. A metade restante em sua maioria nasceram horrivelmente distorcidas. Três nasceram bem. Perfeito, nós pensamos. Um ser humano com capacidade mental superior a qualquer outro, devido ao seu estado sempre eufórico.

Eles eram perfeitamente normais até os dezoito meses de idade. Foi quando apareceram os primeiros sintomas. Falta de equilíbrio, dificuldade parar dormir e comer, baixa capacidade de resposta. Todos nós no fundo estávamos em pânico, é claro, mas por fora permanecemos calmos e continuamos com o projeto. Deveríamos ter parado ali. Devíamos ter pego as cobaias sacrificá-las e então as queimar e fechar o laboratório. Mas nós continuamos.

As coisas só pioraram. Os movimentos deles se tornaram cada vez mais esporádicos e eles ainda não poderiam proferir palavras, embora pudessem rir e faziam isso muitas vezes. Muito frequentemente. Não um riso feliz, mas quieto, quase que um sorriso nervoso e constante. Não importava quanta dor era infligida sobre a cobaia, ela simplesmente te encarava e ria, como se estivesse zombando de você, chamando de fútil suas tentativas de a prejudicar.

Esperávamos que as cobaias tivessem uma capacidade extra de aprendizagem. Mas o contrário ocorreu. O desenvolvimento mental delas era severamente atrasado. Elas não conseguiam prestar atenção em algo por mais de alguns minutos antes de cair em mais um ataque de riso. Mas nós continuamos, esperando que estes sintomas fossem sumir conforme as crianças ficassem mais velhas. Nós demos um nome para os sintomas. "Happy Puppet Syndrome" , porque os movimentos irracionais das crianças faziam parecer que elas eram fantoches em cordas.

Cinco anos no projeto e percebemos que não havia esperança. Nós não aguentávamos mais o riso incessante dessas crianças, como se elas soubessem algo que nós não sabemos. Olhar para uma criança e vê-la se contorcer esporadicamente e rir demais é uma coisa assombrosa. Dois dos meus colegas já tinham saído, porque não aguentavam mais. Eu nunca mais ouvi falar deles depois disso. Eles provavelmente estão mortos.

As crianças não tinham falado por cinco anos. Apenas riram sua risada condenada. Nós entramos para os dar o café da manhã e eles olharam para nós com seus olhos enormes, contraindo-se, rindo e sem dizer nada. Nós deixamos a refeição na frente deles e saímos. A comida está com toxinas que vão os matar em silêncio e sem sofrimento. Era uma coisa dolorosa a se fazer, mas tinha de ser feito. Contudo, não era tão fácil.

Um dos meus colegas colocou uma bandeja de comida na frente de um dos garotos, o riso parou. O menino olhou para meu amigo, seus olhos de repente ficaram escuros e ele muito sério. A risada parou.

Eles continuaram a olhar para ele e contorcer por um tempo. Meu amigo estava em choque e não se moveu. Meus colegas e eu estávamos com caneta e bloco de notas, pronto para escrever. De repente, meu amigo caiu de joelhos, segurando a cabeça e gritando furiosamente. Ele parecia estar sentindo muita dor. Meus colegas e eu estávamos tão surpresos com isso, não podíamos fazer nada, além de sentar e assistir. Meu amigo caiu no chão, gritando palavrões. Ele se bateu violentamente algumas vezes, e depois ficou quieto.

Eu segurei o impulso de ficar doente, com mais sucesso do que alguns dos meus colegas. Alguma coisa sobre isso não era normal. Uma presença negra que parecia uma torre sobre nós. Nós imediatamente selamos a entrada. O menino parou, olhou para a porta, e riu. Ele caiu no chão, se contorcendo e rolando de rir loucamente. Os outros dois fizeram o mesmo. Depois de alguns minutos o ajuste parou e eles se levantaram ainda se debatendo, ainda rindo.

As luzes se apagaram. Eu ouvi batidas, vidro quebrando, gritos. A coisa mais terrível de todas, foram os sussurros assombrosos, juntamente com o riso silencioso. Quando as luzes voltaram, as cobaias tinham desaparecido. Dois dos meus colegas estavam inconscientes ao meu lado, seus corpos estavam torcidos em ângulos estranhos e com sangue escorrendo de suas bocas. No início, eles pareciam estar mortos. Eles não mostravam sinais vitais. Mas eu me inclinei um pouco, e então podia os ouvir rindo, ainda que levemente. Fui examinar meu amigo. Sem pulso, sem respiração, mas ele continuou rindo baixo.

Embora as cobaias tenham sumido, eu ainda sentia como se algo estivesse me observando, algo que estava apenas na borda da minha visão, mas que eu nunca seria capaz de ver.

Eu e um colega restante fechamos tudo imediatamente. Antes de sair, destruímos nossa pesquisa e bloqueamos o laboratório. Eu perdi a comunicação com os meus colegas. Presumo que eles estão mortos.

Eu ainda sinto que estou sendo vigiado. Ainda ouço o riso, o sussurro, nos meus sonhos e as vezes quando estou acordado. Quando isso acontece, eu corro. Eu me levanto e saio de qualquer lugar que eu esteja. Não sou capaz de ficar no mesmo lugar por mais de alguns dias por causa disso.

Isso se espalhou. Outras crianças foram vistas com sintomas semelhantes. Eu não tenho nenhuma ideia de como isso se espalhou, e não era pra ser algo que se espalha. Alguém em algum lugar fez algo sobre a disjunção do cromossomo 15, e que manteve as pessoas felizes e no escuro, por agora. A doença foi chamada de "Angelman Syndrome" (Síndrome de Angelman). Até agora os surgimentos não foram perigosos. Mas sei que os originais ainda se escondem em algum lugar.

Eu sei que eles estão vindo atrás de mim. Sei que eles vão me encontrar. Aceito isso. É o que recebo por tentar mexer com a natureza. Deixo aqui esta carta como um aviso. Eles estão indo atrás de você também. Eles estão indo atrás de todos nós. Se alguma vez você ouvir sussurros, risos à beira de seu ouvido, corra. Se alguma vez se sentir como se algo esta na borda de sua visão e você não o consegue enxergar, apenas corra.



Além disso, vou lhes avisar isso:
1) Não mexa com o que não é seu;
2) Mesmo os anjos, podem ser demônios disfarçados;
3) Não venha até a mim. Sou tão bom quanto morto."




O manuscrito seguinte foi encontrado em um laboratório abandonado e escondido no fundo de uma floresta no Alasca. O laboratório consistia em uma sala de observação e uma sala de contenção. A sala de contenção foi bloqueada, e o laboratório inteiro parecia ter pegado fogo em um ponto. Vestígios de sangue foram encontrados após o quarto de contração ser violado, e uma janela foi quebrada. A natureza exata deste laboratório é ainda desconhecia